Cá vai:
Eu gosto de Você, Brasil,
Porque Você é parecido com a minha terra.
Eu bem sei que Você é um mundão
E que a minha terra são
dez ilhas espalhadas no Atlântico,
sem nenhuma importância no mapa […]
É o seu povo que se parece com o meu,
É o seu falar português
que se parece com o nosso,
ambos cheios de um sotaque vagaroso
de sílabas pisadas na ponta da língua
de alongamentos timbrados nos lábios
e de expressões terníssimas e desconcertantes.
É a alma de nossa gente humilde que reflecte
a alma de sua gente simples,
ambas cristãs e supersticiosas,
sentindo ainda saudades antigas
dos serões africanos […]
Você Brasil é parecido com a minha terra,
as secas do Ceará são as nossas estiagens,
com a mesma intensidade de dramas e renúncias.
Mas há uma diferença no entanto: é que os seus retirantes
têm léguas sem conta para fugir dos flagelos,
ao passo que aqui nem chega a haver os que fogem
porque seria para se afogarem no mar […]
[…] Havia então de botar uma fala
ao poeta Manuel Bandeira,
de fazer uma consulta ao Dr. Jorge de Lima
para ver como é que a Poesia receitava este meu fígado tropical
[bastante cansado.
Havia de falar como Você,
Com um i no si
“si faz favor”,
De trocar sempre os pronomes para antes dos verbos
“mi dá um cigarro”?
[…]
(extratos de um poema de Jorge Barbosa dedicado a Ribeiro Couto)
Brasil, brasileiro,a Voz de Bana ou de Jorge Barbosa, nas canções crioulas ou nos clássicos da Claridade, lembro o lugar-Brasil que se faz em Cabo Verde. Nação e País estão de Parabéns neste 7 de Setembro e nos gritos de Ipiranga que, “dia a dia, dor a dor, amor a amor”, cada brazuca vem entoando nas sete partidas do mundo: Independência e vida!